Muitos deles fazem parte de nossa dieta e podem prevenir doenças
Além de aportarem os nutrientes conhecidos, esses alimentos fornecem benefício adicional à saúde, pois possuem propriedades de prevenção e controle de determinadas doenças.
O termo “alimentos funcionais” surgiu no Japão na década de 1980 para os alimentos que, além de suas propriedades nutricionais, têm funções específicas no organismo. Desde então, passaram a fazer parte de uma nova ciência que está em expansão: o estudo dos alimentos com propriedades de prevenção e controle de determinadas doenças. A definição mais aceita é qualquer alimento ou ingrediente que fornece um benefício adicional à saúde, além dos nutrientes que contém.
Alguns alimentos já são cientificamente reconhecidos como fonte de substâncias que contribuem para a prevenção ou auxiliam no tratamento de doenças. Muitos deles são encontrados no supermercado e fazem parte de nossa dieta: aveia, soja, tomate, alho, chá, vinho e peixe.
A aveia, o vinho e o peixe são conhecidos por conterem beta glucano, resveratrol e ômega-3, respectivamente, substâncias que têm sido associadas à diminuição de risco de doenças cardiovasculares. Vários são os mecanismos que podem explicar o efeito protetor destes componentes alimentares no coração, tais como a redução do colesterol sanguíneo e o impedimento de seu depósito nas artérias, além da ação que evita a formação de coágulos de sangue no organismo.
O tomate, por ser rico em licopeno, uma substância com ação antioxidante, pode diminuir o risco de câncer principalmente da próstata, quando consumido com frequência e sobretudo na forma concentrada de molho. O alho, picado, espremido ou amassado, libera alicina, um componente ativo associado à diminuição da pressão arterial e prevenção de câncer.
Alguns tipos de chá, com destaque para o verde, contêm antioxidantes denominados polifenóis, cujo consumo tem sido relacionado à prevenção de determinados tipos de câncer. É importante ressaltar que os benefícios aqui citados dependem da quantidade diária ingerida, e as pesquisas não são unânimes na indicação da dose e do efeito dessas substâncias.
A indústria alimentícia já desenvolve produtos enriquecidos com substâncias naturais e funcionais
Além dos alimentos naturalmente ricos em componentes que promovem a saúde, os alimentos funcionais compreendem também aqueles que foram fortificados ou enriquecidos com nutrientes ou compostos naturais encontrados em vegetais (fitoquímicos) com o objetivo de auxiliar o tratamento de doenças ou a manutenção da saúde.
Nesse sentido, a indústria de alimentos tem desenvolvido novos produtos. São exemplos alimentos ou bebidas que contêm pré e probióticos – que auxiliam na função e na restauração gastrointestinal –, bebidas enriquecidas com cálcio – para a manutenção da saúde óssea e para a prevenção de osteopenia (redução considerável da quantidade de cálcio nos ossos) e osteoporose (diminuição da quantidade óssea, tornando os ossos suscetíveis a fraturas) – e cremes vegetais contendo componentes de origem vegetal (fitosteróis) – que diminuem o colesterol sanguíneo.
O enriquecimento do sal com iodo, praticado no Brasil desde a década de 1950, representa uma das primeiras tentativas de adição de um nutriente a um ingrediente amplamente utilizado pela população com a finalidade de conter uma doença – o bócio, caracterizada pelo aumento da glândula da tireoide.
Embora o termo “alimento funcional” ainda não fosse conhecido naquela época, foi possível conter uma doença pelo enriquecimento do sal. Posteriormente, tivemos o enriquecimento de alimentos com outros nutrientes com o objetivo de corrigir algumas deficiências nutricionais encontradas com maior frequência – por exemplo, a adição das vitaminas A e D ao leite e a fortificação de cereais com as vitaminas do complexo B.
No final do século 20, com a contenção das deficiências nutricionais e o aumento das doenças crônicas como cardiopatias e câncer, a indústria de alimentos mudou o foco de atenção. Hoje, o interesse da população e dos profissionais da área de saúde tem sido a prevenção das doenças relacionadas ao estilo de vida. Para isso, a qualidade da alimentação exerce papel fundamental, e os alimentos funcionais se encaixam perfeitamente nesse objetivo.