Conheça as causas e as consequências do aumento da ingestão de açúcar na infância.
O açúcar é prejudicial para a saúde, especialmente nas crianças em fase de crescimento e desenvolvimento. O consumo em excesso desse alimento na infância pode levar à obesidade e a doenças graves acarretadas por ela, como colesterol alto e diabetes.
Segundo pesquisas sobre a alimentação de crianças e adolescentes, os jovens brasileiros consomem o dobro da quantidade diária recomendada de açúcar.
Existe um consenso entre médicos e nutricionistas de que o açúcar não deva ser oferecido para crianças nos dois primeiros anos de vida. Depois disso, segundo a Organização Mundial de Saúde, o consumo diário não deve exceder 25 gramas até os 10 anos (seis colheres de chá) e 50 gramas na alimentação do adulto (12 colheres de chá).
Essa recomendação diária considera a ingestão total de açúcar independentemente da fonte: entra na conta o usado para adoçar o leite e outras bebidas, aquele encontrado na lista de ingredientes dos alimentos processados e o que usamos nas receitas caseiras de bolos e sobremesas.
É fácil ultrapassar o consumo recomendado se considerarmos todas as possibilidades de uso desse ingrediente. Um simples copo de refrigerante ou suco contém praticamente o limite total diário de açúcar recomendado para crianças.
O consumo de açúcar tem sido cada vez maior na infância
As crianças têm substituído o leite por suco e refrigerante cada vez mais cedo. Os sucos representam praticamente metade das bebidas consumidas por crianças brasileiras de 3 a 6 anos e chega a cerca de 70% das bebidas ingeridas na faixa etária entre 11 e 17 anos.
A consequência da troca do leite e derivados por sucos é o consumo excessivo de açúcar em idade precoce, além da deficiência de cálcio já constatada na alimentação das crianças.
As crianças brasileiras consomem o dobro da quantidade recomendada
No Brasil, pesquisas sobre a alimentação atual de crianças e adolescentes mostram que eles consomem o dobro da quantidade recomendada de açúcar. O que chama mais a atenção é que o limite é excedido apenas com o consumo de bebidas, sem se considerar o açúcar proveniente de alimentos sólidos.
Isto pode ajudar a explicar as taxas de sobrepeso e obesidade infantil que atingem aproximadamente 30% das crianças brasileiras, já que o corpo transforma o excesso de açúcar ingerido em gordura.
Por outro lado, a gordura excedente, além de ser depositada, circula em maior quantidade no sangue na forma de colesterol e triglicérides, podendo levar a problemas de saúde na infância que costumavam aparecer apenas em adultos, como hipertensão arterial e diabetes.
O açúcar não aporta nutrientes para a saúde
O nosso organismo não precisa de açúcar, pois os carboidratos que comemos passam por um processo de transformação até se tornarem glicose, que é utilizada como fonte de energia.
O açúcar de adição constitui, então, uma fonte extra desnecessária para a nossa saúde. Isso vale para qualquer forma de açúcar: refinado, mascavo, cristal, mel ou xarope de glicose.
Ainda que alguns tipos de açúcar possam oferecer quantidades mínimas de determinados nutrientes, seria necessário ingerir grandes quantidades para suprir a necessidade diária de qualquer um deles, por causa da baixa concentração. Assim, o açúcar, refinado ou mascavo, não deve ser considerado fonte significativa de nutrientes.
Mais açúcar e menos atividade física: uma combinação perigosa
Os perigos do consumo excessivo desse ingrediente podem ser amenizados pela prática de atividade física, já que, durante o exercício, o açúcar é o principal combustível utilizado pelos músculos.
Atualmente, temos a combinação de dois problemas: por um lado, nossas crianças aumentaram o consumo de açúcar; por outro, estão mais sedentárias, passando grande parte do tempo entretidas com atividades de baixo gasto energético como jogos eletrônicos, celulares e televisão.
Assim, entende-se mais facilmente por que a combinação de menos prática diária de exercício físico aliada ao consumo excessivo de açúcar em crianças e adolescentes ocupa papel de destaque entre as causas do aumento de sobrepeso e obesidade nessas faixas etárias.
O panorama atual de saúde das crianças mostra que estamos acionando mais precocemente o gatilho para o aparecimento de problemas de saúde que elevam o risco de doenças do coração, principal causa de morte no Brasil e no mundo. Elas são, em sua maioria, consequência de nosso estilo de vida, com destaque para maus hábitos alimentares e inatividade física ao longo de muitos anos.