Por excelência, em uma sala de aula, o que não falta é diversidade: cada indivíduo daquele contexto é um ser humano diferente, que carrega uma história de vida única. Especialmente em relação aos alunos, embora possam ser pequenos e ainda não terem vivido muitos anos, eles já levam consigo uma mala cheia de cultura, de histórias e de sentimentos. Além disso, cada um se lança ao desafio constante de apresentar suas aptidões e seus interesses traduzidos no que costumamos chamar de “jeitinho de ser”.
Pensando nisso, o professor possui um grande desafio: contemplar em seu planejamento uma série de processos de ensino-aprendizagem que atendam às necessidades de todos os alunos, por mais variadas que possam ser. Para isso, os conteúdos curriculares devem ser trabalhados de diferentes maneiras, pois a forma em que um estudante aprende, não necessariamente é a mesma que a dos outros estudantes.
Esta premissa não é algo opcional, pois até mesmo os documentos que regulamentam a educação no Brasil abordam a preocupação de que ela deve respeitar as diferenças de cada um dos estudantes, considerando suas individualidades e particularidades.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), logo em seu texto introdutório, preconiza a igualdade, a diversidade e a equidade, explicitando que “(…) as escolas precisam elaborar propostas pedagógicas que considerem as necessidades, as possibilidades e os interesses dos estudantes, assim como suas identidades linguísticas, étnicas e culturais” (BRASIL, 2018, p. 15). Portanto, podemos perceber que é necessário considerar que cada turma, composta por indivíduos diferentes uns dos outros, irá contar com características únicas que impactarão as práticas pedagógicas a serem trabalhadas.
Nesse sentido, contar com variedade de recursos pedagógicos na sala de aula é fundamental para que, neste espaço repleto de necessidades específicas, seja possível criar um ambiente de aprendizado rico, dinâmico e eficaz. Quando falamos em recursos pedagógicos estamos nos referindo ao conjunto de todas as ferramentas, materiais, estratégias e métodos utilizados na escola que contribuem para o processo de aprendizagem.
A BNCC indica que o professor deve “selecionar e aplicar metodologias e estratégias didático-pedagógicas diversificadas, recorrendo a ritmos diferenciados e a conteúdos complementares, se necessário, para trabalhar com as necessidades de diferentes grupos de alunos, suas famílias e cultura de origem, suas comunidades, seus grupos de socialização etc.” (BRASIL, 2018, p. 17).
Vamos discutir suas principais dimensões?
Como já mencionamos, antes de chegarem na escola, além de contarem com uma história de vida e conhecimentos prévios, os alunos também possuem diferentes estilos de aprendizado, do visual ao auditivo, passando pelo cinestésico.
Podemos refletir sobre isso, nós mesmos, adultos. Imagine a seguinte situação: você é novo em um lugar e acaba de conhecer algumas pessoas. Qual é a estratégia que você utiliza para decorar o nome de todos a quem acabou de ser apresentado? Certamente, esta resposta será muito diferente, variando de acordo com a pessoa que precisou realizar esta tarefa: alguns podem relacionar a cor da roupa, outros, associar os novos nomes ao de pessoas já conhecidas; outros irão escrever os nomes mentalmente, para visualizar as palavras e, assim decorá-las. Diferentes técnicas, para uma tarefa muito simples: de acordo com o estilo de cada um, a maneira de realizá-la, muda!
Pensando nisso, a variedade de recursos pedagógicos dentro de uma sala de aula permite que os professores atendam às diferenças, garantindo que os estudantes tenham a oportunidade de se relacionar com o conhecimento e com os conteúdos pedagógicos de maneira eficaz, de acordo com seus estilos únicos e particulares.
Sendo assim, alguns alunos podem se beneficiar mais de recursos visuais, como infográficos e diagramas, enquanto outros podem preferir materiais auditivos, como palestras e podcasts. A variedade ajuda a personalizar o ensino para se adequar às necessidades individuais dos alunos.
A educação do século XXI tem como um de seus pilares o protagonismo dos alunos, trazendo os seus interesses à tona, para que, assim, os estudantes se relacionem com a educação de forma engajada e motivada e, portanto, contem com processos de ensino-aprendizagem que sejam significativos.
A introdução de recursos pedagógicos variados contribui para que os alunos se vejam como protagonistas, envolvidos e interessados no conteúdo. Assim, elementos diversos que extrapolem a lousa e o giz, o caderno e o lápis, são essenciais. Vídeos, jogos interativos, simulações e experimentos práticos podem tornar as aulas mais atrativas e cativantes, o que, por sua vez, melhoram o desempenho acadêmico e a satisfação dos alunos.
Quando vemos uma mesma situação a partir de diferentes ângulos, é muito comum conseguirmos compreendê-la de maneira mais aprofundada e detalhada. Indo ao encontro dessa premissa, os conceitos que devem ser trabalhados com os alunos podem ser mais facilmente compreendidos quando apresentados de diferentes maneiras.
A oportunidade de contar com diversas perspectivas para um mesmo tópico é muito benéfica para os estudantes: quando têm a possibilidade de contar com variedade de recursos pedagógicos, conseguem ampliar a compreensão acerca de algum conteúdo. Por exemplo, um conceito complexo pode ser explicado primeiramente por meio de um vídeo explicativo, depois, continuado por um gráfico e, por fim, concluído por uma discussão em grupo.
Ao passar por essas etapas, o mesmo conteúdo é experienciado pelos alunos sob pontos de vista diferentes, o que tende a aumentar o seu interesse e a forma de lidar com o saber, o que impacta diretamente sua compreensão e retenção daquilo que foi trabalhado.
Quando o professor insere variedade de recursos pedagógicos em seus planejamento e atividades, ele promove o desenvolvimento das mais diferentes competências e habilidades dos alunos: ao apresentar situações que exigem diferentes soluções, desafios do mundo real podem ser trabalhados, contribuindo para que os alunos se vejam cada vez mais preparados – não apenas aprendendo aspectos teóricos, mas também os práticos.
Assim, os professores podem criar aulas cada vez mais inovadoras e flexíveis, possibilitando que os estudantes pensem criticamente sobre como abordar e resolver problemas de diferentes formas. Debates, trabalho em equipe, apresentações e pesquisa autônoma e independente, são exemplos de atividades que contribuem para que os alunos possam adquirir habilidades de comunicação, resolução de problemas, criatividade, pensamento crítico e colaboração, que são essenciais para o sucesso em suas futuras carreiras e vidas.
Em um mundo cada vez mais orientado pela tecnologia, é fundamental que os alunos estejam familiarizados com este universo e que saibam utilizar os aparatos e dispositivos digitais, predominantes tanto na esfera pessoal, quanto na esfera profissional de nossa sociedade.
A inclusão de recursos pedagógicos digitais, como as plataformas de aprendizado online, aplicativos educacionais, fóruns, chats e jogos digitais, não só deixam o aprendizado mais interessante, como também mais personalizado: este tipo de recurso, permite que cada estudante possa acessar conteúdos e atividades com base em suas necessidades específicas e de acordo com seu ritmo e estilo de aprendizagem.
Além disso, ao inserir este tipo de recurso pedagógico na sala de aula, o professor contribui com a formação dos alunos: oferece a possibilidade de que os estudantes lidem com a tecnologia de forma eficaz e responsável, tornando-os mais preparados para a sociedade contemporânea.
Pudemos ver que a diversidade de recursos pedagógicos é essencial para atender a diversidade dos perfis presentes em sala de aula: ao introduzir diferentes ferramentas, materiais, estratégias e métodos, as necessidades individuais dos alunos são atendidas e, portanto, os estudantes possuem a oportunidade de serem formados e preparados para encararem os desafios do mundo moderno, da melhor forma.